Pontos para recarga de carros e bicicletas elétricas já são realidade em condomínios de Curitiba
Um estudo realizado pela ONG Conselho Brasileiro de Construção Sustentável revela que o setor da construção civil é um dos que mais necessita de insumos, consumindo 75% dos recursos naturais e 20% da água nas cidades. Diante dessa realidade, mitigar esses impactos por meio de projetos e processos eco-friendly, ou seja, amigáveis ecologicamente, é uma exigência crescente às construtoras e incorporadoras, especialmente no segmento residencial.
Ainda que, no segmento residencial, a certificação LEED (sigla de Leadership in Energy and Environmental Design, em inglês) não seja viável devido ao valor para sua obtenção, algumas empresas investem em soluções, sistemas e na própria gestão do canteiro de obras, mesmo em empreendimentos econômicos com custo financeiro limitado, para racionalizar o consumo dos recursos naturais. Esse é o caso do Barigui Woodland Park Residence, condomínio de apartamentos da VistaCorp Empreendimentos Imobiliários e da Valente Incorporações, em construção próximo ao Parque Barigui, em Curitiba.
O presidente da VistaCorp, Luiz Francisco Viana Jr., explica que o condomínio foi conceituado com a premissa de ser um produto no padrão médio (com preço de R$ 250.001,00 a R$ 400 mil) e anticrise – que se traduz num empreendimento em localização, projeto arquitetônico e itens de diferenciação de um residencial de alto padrão, mas com preço econômico –, restringindo os custos. Levantamento do Secovi-SP aponta que recursos sustentáveis elevam o preço do imóvel entre em até 8,6%. “Como consequência, a adoção desses itens elevaria o valor das unidades, contrariando a sua premissa de ser um empreendimento econômico”, argumenta.
Mesmo assim, a incorporadora buscou soluções para tornar o Barigui Woodland mais eficiente, dentro da capacidade financeira do seu comprador. “Por estar situado próximo a um importante parque da cidade e cercado por uma ampla área verde, formada por um bosque com mais de 12 mil m², a integração com a natureza e os itens de sustentabilidade não poderiam ficar de fora do projeto. Esses elementos foram incluídos no sentido de respeito ao meio ambiente e de geração de economia ao comprador, contribuindo para baratear os custos de se morar num apartamento com clima de casa”, explica.
O principal destaque do Barigui Woodland são os pontos para recarga de carros e bicicletas elétricas. Inicialmente, serão em torno de 18 pontos para recarga no condomínio, quantidade que pode variar em função da especificação do projeto elétrico. A potência elétrica de cada tomada de recarga é estimada em torno de 3,60kW/220V.
A instalação dos pontos de recarga exigiu adaptação no em todo o projeto elétrico do empreendimento. As adaptações necessárias imediatas no projeto foram: previsão de potência elétrica; previsão de espaços físicos nos quadros de distribuição existentes nos dois subsolos para futuras instalações de disjuntores (termomagnéticos e diferenciais) dos circuitos elétricos das tomadas; tubulação de alimentação elétrica dos circuitos a partir dos quadros de distribuição existentes até os locais a serem definidos das tomadas de recarga.
A inclusão dos pontos de recarga teve como impacto um aumento de aproximadamente 10% no custo de instalação elétrica do condomínio, referente às áreas comuns da edificação, decorrente da instalação da infraestrutura elétrica (material e mão de obra) para futura colocação dos equipamentos de recarga. “A inclusão desses itens foi um desafio de projeto e execução para um projeto de padrão médio. Entretanto, achamos necessário fazê-lo para colocar o Barigui Woodland na vanguarda, preparando-o para as próximas décadas, pois, os automóveis elétricos devem ser uma realidade no Brasil nos próximos anos e o empreendimento se manterá atual”, destaca Viana.
Quanto ao controle de uso e da cobrança da energia usada para essa recarga aos moradores, a despesa entrará para a área comum, e através de medidores individuais poderá ser verificado o quanto aquele ponto de recarga representa no consumo geral, para que o condomínio promova o rateio àqueles que efetivamente usarem. Porém, após entrega do empreendimento, isto pode ser revisto e redefinido em assembleia de condomínio.
Soluções inteligentes – O incorporador ressalta ainda que, dentro desse limite de custo, foram utilizadas outras soluções criativas para tornar a edificação mais eficiente ou atender as exigências de legislação. Em termos de projeto, na área comum, para otimizar o uso da água reaproveitada da chuva (geralmente restrita à limpeza e manutenção do jardim), foi criado um eco lavacar. O projeto conta ainda com um amplo bicicletário, com 170 vagas para bicicletas. “Para implementar esses espaços, a empresa abriu mão de 10 vagas de garagem, incentivando o uso de meio de transporte alternativos com energia limpa”, comenta Viana.
Além disso, a edificação terá sensores de iluminação, medidores individuais de água e gás, bacias sanitárias com caixa acoplada e válvula de descarga com duplo acionamento (que pode render uma economia de até 60% no consumo anual), torneiras com arejadores nos lavatórios, que oferecem boa vazão com baixo consumo de energia e lâmpadas de LED nas áreas comuns, assim como coletores para separação dos resíduos em locais estratégicos.
Na área interna dos apartamentos, a utilização de large window no living vai promover a insolação e ventilação natural, reduzindo a dependência de ar-condicionado e, consequentemente, gerando economia de energia elétrica para o morador. “A economia decorrente da instalação desses sistemas vai variar conforme o consumo de cada unidade, mas de forma geral, estima-se a redução de até 37% nas despesas com luz e água proporcionada por todos os itens citados”, pontua Viana.
A gestão do canteiro de obras também prezou pela redução dos impactos ao meio ambiente quanto aos resíduos gerados, de acordo com o presidente da VistaCorp. O empreendimento foi concebido em estrutura de concreto armado, com lajes mistas (nervurada com blocos de EPS) nos apartamentos. “Isso contribuiu para maior limpeza do canteiro de obras, já que essa solução não utiliza tantas vigas. Além disso, foi contratada uma empresa exclusiva para o gerenciamento de resíduos para fazer a classificação e a destinação corretas do excedente gerado no canteiro de obras, reduzindo os impactos da própria construção no entorno”, comenta Viana.
O presidente da VistaCorp acredita que a inclusão de soluções sustentáveis deve se tornar cada vez mais comum nos empreendimentos residenciais, independente do padrão. “Tecnologias mais avançadas, como placas solares, ainda são caras para o segmento residencial e restringem-se a poucos projetos de alto padrão. Porém, a exemplo do Barigui Woodland, é possível melhorar a eficiência de projetos e sistemas, democratizando o acesso a esses recursos aos compradores mesmo nas habitações econômicas”, defende.